A editora Martins Fontes está de
parabéns em disponibilizar ao público brasileiro está fantástica obra ficcional
do renomado autor C.S.Lewis. Fico impressionado pela habilidade criativa de Lewis,
e a forma como ele criar seus textos em tornos de elementos teológicos e filosóficos.
Perelandra é o segundo livro da Trilogia Espacial. Essa saga foi escrita no
auge da segunda guerra mundial.
Em Perelandra, vejo o relatos de
Gênesis 3 numa abordagem fabulosa. Na verdade, Perelandra é um paralelo
criativo de Gênesis 3, é uma historia de pré-queda, de um mundo sem pecado.
Na saga lewisiana, somos
convidados a enxergar a realidade com outros olhos. O livro começa com o auto-personagem
chamado de C.S.Lewis que vai ajudar o Dr. Ransom, o nosso herói na trilogia
espacial. Ransom é enviado a Perelandra (Vênus) numa missão – impedir que o mal
se instale nesse mundo assim como aconteceu no Éden com Adão e Eva.
Em Perelandra, Ransom encontra um
mundo lindo. Sabe gostei muito da descrição de Vênus. Tanto de sua fauna quanto
de sua flora. É impossível ler Perelandra sem se imaginar andando nas ilhas
flutuantes e encontrando animais exóticos.
De tempo em tempo, o narrador nos
leva a reflexão de que se algo é mito para nós terráqueos talvez seja real para
outros num outro mundo. Em algum momento, Ransom se sente encarnando um mito,
mas percebe que sua ida a Vênus tem o propósito de impedir que A Dama de Verde
(equivalente a Eva no relato bíblico) não se submeta as intenções do tentador e
desobedeça ao que Maleldil
(Deus) disse. Segundo Gênesis, Deus disse pra não comerem do fruto da árvore do
bem e do mal, já em Perelandra, Maleldil disse para não dormirem na Terra Fixa,
mas pra viverem nas Ilhas Flutuantes.
Tanto em Gênesis quanto em Perelandra, o tentador
indaga a Mulher sobre as ordens de Deus. Que aparentemente são ordens sem lógicas
e que Deus está de certo modo impedindo que suas criatura de crescerem ou que
Deus deseja que eles desobedeçam para que possam ser independentes. A questão
do livre arbítrio é um dos aspectos apresentado na obra.
Ao ler Perelandra, somos levados
a indagar o porquê que Adão (no caso do relato de Gênesis) não estava com Eva
quando ela foi tentada. Quanto tempo durou a tentação de Eva? No caso da Dama
de Verde foi muito mais que um dia. O tentador vinha e aos poucos colocava seus
argumentos diante da primeira Mulher de Perelandra. Muito típico do Tentador
que conhecemos no nosso mundo, ele não vem de uma vez, vem aos poucos nos
enredando até estarmos totalmente envolvido. E se Eva tivesse resistido à
tentação? Como seria? Já em Perelandra, A Dama de Verde se mantêm firme nos propósitos
de Maleldil e com a ajuda de Ransom, Perelandra vivencia algo que os humanos não
souberam apreciar.
Curiosidades: Ransom é o
equivalente a palavra resgate em Inglês e o narrador faz esse jogo de palavra
na história. Maleldil é a junção de Male + Eldil, sendo que Eldil é usado na
obra pra designar anjos (seres espirituais) e Male é provável que Lewis foi
buscar no Hebraico, pois é um radical pra Reino ou Rei, assim, Maleldil é o Rei
dos Anjos (Senhor das Hostes).
Perelandra é uma obra fantástica.
Excelente opção pra quem gosta de ficção e pra quem gosta de refletir sobre
teologia e filosofia. A semelhança entre a Dama de Verde e a Afrodite não é
mera coincidência.
Agora irei aguardar o lançamento
do terceiro livro da Trilogia Espacial que está previsto para o segundo
semestre de 2012.
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