Noite de culto. A comunidade
estava entusiasmada. Um pregador bem sucedido de outra cidade falaria da chave
do sucesso de uma vida próspera. A igreja estava lotada. Todos desejavam ouvir
o testemunho daquele homem da religião (ou seria homem de Deus?) sobre as
benções da prosperidade. O pregador da noite veio falar de como era a sua vida
antes de ser profissional da fé (ou seria servo do Senhor?) e como hoje ele é o
pastor de uma grande e importante igreja de sua cidade.
Oculto começou. Louvores são
tocados. Mas a estrela do culto é o pregador da noite. Quando ele sobe no
púlpito, o diabo pira! Algum irmão fez postou essa frase no facebook antes de
ir para a igreja. O pastor convidado começou dizendo:
- É muito bom está aqui nesta
amada igreja. E poder compartilhar com os irmãos a minha historia de lutas e
conquistas. Se você quiser, você irá sair daqui está noite com as chaves da
prosperidade. Quem crer, dê um brado de vitóriaaaaaa!
Nesse momento é a comunidade que
pira! “Aleluias” e “Glorias Deus” são ouvidos.
- Como alguns sabem – disse o
pregador convidado – antes eu era vendedor de calçados. Passei por momentos
difíceis. Teve dias que não tinha o que comer. A esposa já não agüentava mais
aquela miséria. O casamento está morrendo, mas um dia eu ouvir o mega-apóstolo
pregar e o que ele disse ficou gravado em meu coração. Disse ele que Deus nos
colocou como cabeça e não como cauda. E não é aceitável passarmos por dificuldades.
Numa noite tive uma revelação. Vi um anjo em meu sonho e ele me disse que eu
deveria ter os pés calçados com a prontidão do evangelho da paz. Então desde
aquele sonho tive a certeza que eu fui chamado para ser pregador. Eu era
vendedor de calcados e o anjo me mostrou que eu deveria calçar o evangelho nas pessoas.
Assim eu vou de igreja em igreja, ensinando o povo de Deus como tomar posse da
prosperidade e de adentrarem na quarta dimensão. Não fique satisfeito com
terceira dimensão nos cinemas, Deus tem uma quarta dimensão pra vocês.
- Aleluiaaaaaa!– Grita os crentes
- Hoje ando de carro importado –
diz o pregador- Graças a Deus. E o segredo meus irmãos, é a oração. Quando
orarem determine o que vocês querem. Visualizem e creia. Deus dará tudo o que
vocês pedirem. Mas se vocês não receberem o que pediram, saiba duma coisa:
vocês estão fazendo algo errado!
- Deus é fiel – diz o pregador –
Certamente ou vocês não estão obedecendo aos seus lideres, ou não estão
produzindo ou é bem provável que você não está pagando o preço! Não se esqueça,
oferte pela sua bênção! Seja fiel e cumpra o que lhe é exigido e terá um
galardão no céu.
Mais “glorias a Deus” são ditos.
- No céu há ruas de ouros e não
quero estar no meu carro de ouro, nas ruas de ouros e ter que encontrar alguns
irmãos andando a pé nas ruas de ouros que Deus nos preparou. Então trabalhe em
prol do alargamento da tenda e terá o seu galardão.
O pastor convidado dar a
oportunidade de algum irmão dar um testemunho ou um louvor a Deus. Nesse
momento o irmão Pensa-pensa da Silva se levante e vai ao púlpito. Alguém no
fundo diz bem baixinho, “o que este irmão tem pra testemunhar? Ele vem de
chinelo havaiana pro culto”
- Louvado seja Deus, pai de nosso
Senhor – diz o irmão Pensa-pensa – Ele é amigo dos pegadores!
A comunidade arregala os olhos
para o pregador convidado.
- Jesus, o amigo dos pecadores. –
diz o irmão – Que bênção maravilhosa! Graças
a Amizade do Senhor, as pedras dos acusadores caem. Tu és bom e teu amor
dura para sempre. O Senhor mesmo nos disse que deveríamos ajuntar tesouro nos
céus e nos preocuparmos com o teu reino. Onde estiver o nosso tesouro estará o
nosso coração. É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que
os ricos entrarem no teu reino. Não importa se a pessoa é cristã ou não, quanto
mais rica ela fica mais cheia de si se torna e acaba confiando mais em “carros
e cavalos”1. Tornam-se tão “obesas” de orgulho que não conseguem
entrarem no reino de Deus. O Senhor nos ensinou a orar para que a sua vontade
seja feita aqui na terra, pois ela não tem sido feita. Vem reinar Senhor!
Quanto mais bens uma pessoa adquiri, mais filha da sanguessuga ela se torna, e
sempre quer mais. Não importa se ela é crente ou ímpia. Onde estiver nossa
riqueza estará nosso coração. Quem não prefere ter coisas materiais? Todos nós
queremos! Ser prósperos é não ter carro importado e muito mais, mas ser
satisfeito e ter um coração generoso para repartir com quem não tem. Jesus é
amigo dos pecadores. Seria também amigo desta religião consumista? O Evangelho
do Nosso Senhor nos livra da culpa, do medo e da ganância!
Nesse momento alguns desejava
tirar o irmão do púlpito à força. Alguns ficaram contentes pela coragem e
outros ficaram revoltados. Depois o pastor local tomou a palavra e disse:
- Bem, nosso irmão tem passado
por dificuldades e talvez esteja frustrado. Já disse pra ele e repito aqui para
todos, não devemos tocar nos ungidos do Senhor, senão viremos de chinelo
havaiana para o culto.
O culto prosseguiu. O pastor
convidado continuou pregando sobre como ter acesso a prosperidade e como usar a
oração para conseguir tudo (tudo mesmo) por meio da oração e se algo não der
certo, certamente você não está fazendo direito, pois Deus é fiel e prometeu
nos dar tudo o que pedirmos em oração.
ATENÇÃO: Texto fictício! Qualquer
semelhança com a realidade é mera coincidência.
Certamente antes de adquirir um novo sentido para os cristão, a cruz simbolizava
no territorio romano o poderio do império.
N.T.Wright escreveu:
“Aquele que se opusesse a esse poder seria castigado de forma terrível. Nesse
sentido, a crucificação significava que o reino, ao contrário do que Jesus dizia, ainda não
tinha vindo. A crucificação de um provável Messias significa que ele não era de
fato, o Messias. Quando Jesus foi crucificado, os discípulos sabiam bem o que
isso significava. Eles devem ter pensado: “Embarcamos numa canoa furada” [...]
Foi nesse contexto que o cristianismo como algo novo”.
[Surpreendido Pela Esperança – Ed. Ultimato, 2009.
pag. 58]
Certa vez fui chamado para
conversar sobre umas coisas que eu havia escrito no blog. Naquela noite foi argumentado
o texto de João 15, numa perspectiva de que “dar frutos” significava fazer células,
e quem não dava frutos seria lançado fora.
Argumentei que ao fazermos essa
leitura do texto bíblico estaríamos afirmando que a salvação era mediante as
obras e não mediante a fé em
Cristo. Disse também que “dar frutos” estava relacionado aos
frutos do Espírito e não a metodologia de crescimento. E a certo momento da
conversa, fui indagado sobre como saberíamos que uma laranjeira era uma
laranjeira se não tivesse nenhuma laranja em seus galhos. Confesso que no
momento pensei que a pergunta fosse meio tola, mas hoje percebo que a minha
resposta a tal pergunta é que foi realmente tola. Eu simplesmente disse que reconheceríamos
uma laranjeira mesmo sem nenhuma laranja.
Se eu pudesse responder aquela
pergunta novamente, eu trocaria laranjas por mangas e diria que se levássemos em
consideração a possibilidade de encontrarmos uma mangueira pela primeira vez, teríamos
que aguarda-la frutificar e depois de provar seu fruto, provavelmente daríamos o
nome de Manga Bourbon (gosto mais deste tipo de manga do que das outras) e
depois de algum tempo se encontrássemos outra mangueira, saberíamos que se
tratava de um pé de manga, mesmo se não tivesse fruto e/ou se seus frutos fossem
maiores ou menos do que aquele que nós vimos anteriormente, assim para sabermos
qual é o fruto de um cristão deveríamos conhecer primeiro a Verdadeira Árvore,
ou seja, deveríamos olhar para o Cristo e reconheceríamos os frutos dos cristãos,
depois que provássemos o fruto da Videira, saberíamos qual deveria ser o sabor
do fruto dos cristãos. E mediante esse raciocínio, saberíamos que “dar frutos”
em João 15 não é se submeter a uma estratégica de crescimento numérico, mas
sermos como Cristo.
“Se afirmamos que somos
cristãos, devemos ser como Cristo”.
Se eu tivesse lido O Discípulo Radical, antes de ir para aquela
conversar, eu certamente teria uma melhor argumentação.
Segundo John Stott, O cenário cristão
no mundo atual é de crescimento sem profundidade. Em seu livro, o autor fala de
um discipulado enraizado em
Cristo. Stott também nos apresenta como devemos ser como
Cristo:
Ser como Cristo em sua humildade;
Ser como Cristo em seu serviço;
Ser como Cristo em seu amor;
Ser como Cristo em sua longanimidade;
E ser como Cristo em sua missão.
“Se mais remidos se parecessem os remidos, mais fácil me seria crer no Redentor”.
Se os cristãos fossem como
Cristo, o mundo seria melhor e até Nietzsche seria um fervoroso cristão. Talvez
alguém queira me perguntar se eu tenho sido um cristão como Cristo. Bem, Não! E
um não bem enfático! Faço minhas, as palavras de Paulo: “Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?”.
Desde adolescente me apaixonei
pela língua inglesa. E há algumas expressões em inglês que dão um baita significado
no meu português. Um delas é a expressão “Fall in love”. Numa tradução literal,
seria “Cair em amor”. Essa é a proposta da figura acima, uma tradução literal.
Fall in love, significa Apaixonar-se.
Por que amar dói? Pelo simples
motivo que qualquer queda (fall)é dolorosa. E isso me faz lembrar do
paradoxo do amor citado por C.S.Lewis: O amor nos deixa vulnerável e ao mesmo
tempo impede a petrificação do coração. E pensando nesse estado de pedra do coração
(Lembre-se que o coração longe dos perigos do amor se torna uma pedra) percebo
que fall in love não é para as
pedras... “Cair em amor” é para os corajosos que estão dispostos a amar e serem
amados.
Algumas vezes, há pessoas que
entram num relacionamento querendo controlar tudo. Isso é ilusão! Isso não é amor. Podemos
chamar isso de dominação e não de amor. Como a figura acima... Amar é estar em
perigo e não há espaço para controle e possessão
Fall in love, demanda duas pessoas, senão não tem graça! Quando
apenas um “Cai em amor”, tudo é estranho! É semelhante à Alice quando cai e vai
parar num lugar totalmente estranho. Foi somente ela que caiu e tudo ao redor era
esquisito. Ela até chamou o lugar de Pais
das Maravilhas. Não há maravilhas em “Cair” sozinho. Fall in love sozinho é egoísmo. Agora quando os dois realmente “Caem
em amor” então tudo que é esquisito, torna-se significativo... Somente assim o que
é estranho se veste de maravilhas.
Essa é a idéia da figura acima...
E esse é o segredo do amor
Essa é a emocionante aventura da Ortodoxia.
As pessoas adquiriram o tolo costume de falar de ortodoxia como algo pesado, enfadonho
e seguro. Nunca houve nada tão perigoso ou tão estimulante como a ortodoxia.
Ela foi a sensatez, e ser sensato é mais dramático que ser louco. Ela foi o equilíbrio
de um homem por trás de cavalos em louca disparada, parecendo abaixar-se para este
lado, depois para aquele, mas em cada atitude mantendo a graça de uma escultura
e a precisão da aritmética.
[CHESTERTON. Ortodoxia. Edição
centenária. Ed. Mundo Cristão. pág. 167]
Porque em Marte, há predominância
de uma comunicação na linha? E por outro lado, em Vênus, há uma predominância de
uma comunicação nas entrelinhas.
Muitas vezes nós entramos numa
fria sem saber que entramos numa fria. Muitas vezes dizemos “X” e elas dizem: “Então
é isso?”. E nós em seguida, dizemos sutilmente: “é isso o que?”.
E elas respondem: “Você disse ‘Y’!”.
Respondemos bem enfático : “Não! Eu não disse ‘Y’.
Eu disse ‘X’” e prosseguimos: “Se eu quisesse dizer ‘Y’ eu diria ‘Y’, mas o que
eu realmente disse foi ‘X’”.
Nessa altura do dialogo nós já
estamos num tremendo espaço sideral.
E até voltar reinar uma ordem
no cosmo já se passaram alguns anos-luz e já perdemos alguns bons eclipses.
Não seria melhor se nós meninos tivéssemos
sidos ensinados a falar nas entrelinhas?
Não evitaria caos no cosmo entre Os de
Marte com As de Vênus, se as escolas tivessem uma disciplina onde nos ensinasse
a língua de Vênus? Para nós é possível não haver
nenhuma mensagem nas entrelinhas, mas pra elas é completamente impossível não haver
mensagem nas entrelinhas.
Num episódio de Todo Mundo Odeia o Chris, Chris e
Orientador conversavam sobre o resultado do teste. Ele (Chris) diz que se
tivessem dito as toalhas de papel que elas deveriam absorver a gordura elas
passariam nos testes. Assim se tivesse ensinado os meninos a falarem nas
entrelinhas, certamente Os de Martes e As de Vênus estariam num verdadeiro Éden.
(tenho certeza que algumas de Vênus irão me acusar de estar dizendo que elas são
gordas, mas juro que não foi isso que eu disse).
“O amor não é cego; essa é a
última coisa que ele é. O amor é vinculado; e quanto mais vinculado for tanto
menos cego será”.
(G. K. Chesterton -
Ortodoxia).
“Amar é sempre ser vulnerável. Ame qualquer coisa e certamente seu
coração vai doer e talvez se partir.”, mas é o Amor a única coisa capaz de dar
vida ao coração... Aqui encontramos a lógica do “menos um” com “menos um” que dá
mais.
Pensa num moleque de 05 anos de idade e que está doente e precisa tomar injeção.
Então o pai dele o leva para a farmácia. Chega lá, tem um cara feio, esquisito, com bigode torto e com um olhar ameaçador.
Em seguida o pai segura o menino, e abaixa a calça da criança para tomar a injeção no bumbum. O menino chora. O pai o manda fica quieto. O cara feio vem com aquela agulha daquele tamanho e aplica a injeção no menino. O menino chora. Menino berra. O pai dá uma dura no menino. Em seguida o pai tira uma nota de R$ 50,00 que ele não dá nem R$ 5,00 para o filho comprar sorvete, mas dá para aquele cara e fala muito obrigado. O pai sai sorrindo e feliz. Depois diz para o filho: “Eu gosto de você. Eu te amo”.
O filho não tem como entender isso!
Ao onde que o filho vai acreditar que o pai o ama? Da mesma maneira, não temos como entender as injeções que a gente toma em nossa vida. Essa história nos ajuda entender um pouquinho como essas coisas (o problema do mal) acontecem.
Em seu livro Ortodoxia,
Chesterton afirma que os velhos contos de fadas são muito melhores do que os
modernos romances. Para ele, os heróis dos modernos romances são anormais, são distantes
das pessoas comuns.
Chesterton continua:
“Os velhos contos de fadas fazem
do herói um ser humano normal. Suas aventuras é que são surpreendentes. [...] O
conto de fadas discute o que o homem sensato fará num mundo de loucura”.
Depois de assistir o filme A
Branca de Neve e o Caçador, lembrei-me da fala de Chesterton. E tenho que
concordar com ele. Tem toda razão! As melhores histórias são aquelas onde o
herói ou heroína é gente como a gente e se deparam num mundo de extrema
loucura, ou quando o protagonista não tendo nenhum poder mágico deve enfrentar
o antagonista detentor de magias.
Com relação à Branca de Neve e o
Caçador, fiquei com a impressão de ter assistido um excelente filme. Conseguiram
transformar um conto de fadas num épico. Fabuloso filme!
Um verdadeiro conto épico,
devidamente situado na idade média, digo isso não só por causa do cenário, mas
também devido a uma cena na qual a jovem princesa faz a oração do Pai Nosso. E ela não
faria essa oração se ela não fosse cristã.
Há inúmeras possibilidades de
analisar esse excelente filme, mas por hora, prefiro encerrar parafraseando
Chesterton.
O conto de fadas nos leva a
discutir o que faríamos se tivéssemos no lugar do protagonista e se todas as
condições aparentemente favorecessem o antagonista.
Segundo Philip Yancey, Chesterton
afirma que as virtudes pagãs (justiça e temperança) são virtudes tristes. Já as
virtudes cristãs (fé, esperança e amor) são virtudes alegres e exuberantes. E acrescenta
que elas (as virtudes cristãs) possuem certa aura de audácia.
Continuum narra a história de Kyra Cameron, uma policial do ano de 2077 que viaja ao passado quando nove dos mais perigosos terroristas de sua época conseguem atravessar uma fissura no tempo. Responsáveis por organizar uma revolução com a qual eles pretendiam derrotar um sistema que eles consideravam opressivo, os terroristas pretendem matar os ancestrais daqueles que eles consideram seus inimigos.
Assim, armada com tecnologia futurista, Kyra chega em Vancouver. O problema é que, ao chegar em nossa época, o equipamento apresenta defeito. Logo ela conhece Alex Sadler (Erik Knudson, de Jericho), um gênio da tecnologia que passa a ajudá-la com os recursos disponíveis no presente. Assim, Kyra mantém sua missão: capturar os terroristas antes que eles alterem o futuro.