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O problema é que chegam então os caramujos intelectuais,
eruditos, que escrevem histórias da filosofia e dão palestras sobre religiões
comparadas, mas que nunca tiveram visão por si mesmos. Tudo o que eles
conseguem extrair das palavras proféticas do caramujo são apenas os aspectos negativos,
tudo isso sem o corretivo de um olhar positivo. Eles constroem, assim, uma
imagem do homem como se fosse uma espécie de gelatina amorfa (ela não possui
concha), que não existe em um lugar específico (muito menos grudada em alguma pedra),
e que jamais se alimenta (não há ondas fazendo o alimento chegar até ela). E,
fiéis à sua reverência tradicional pelo homem, eles concluem que ser uma
gelatina subnutrida, que vive num vácuo sem dimensões, seja o modo supremo de
existência. Assim, rejeitam como grotesca, materialista e supersticiosa toda
doutrina que atribua ao homem uma forma, uma estrutura e um sistema orgânico
definidos.
[In. Um Ano com
C. S. Lewis]
Fonte: Ultimato
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