Não tem nada de divino nesta
revelação. Bem, o livro “A Divina Revelação do Inferno” é uma literatura
sensacionalista. O que classifico de uma teologia terrorista. Teologia
medíocre. O livro é repleto de aberrações teológicas.
Como já deu pra perceber irei
fazer uma critica a essa obra. Que fique bem claro, não sou graduado em
teologia e nem sou crítico literário, sou apenas um cristão que como alguns
gostam de ler. Caso você já tenha lido esse livro e tenha gostado da divina revelação
que a autora traz do inferno (que ela mesma afirma que é da parte de Deus),
sinta-se a vontade em expressar sua opinião nos comentários (final do post).
Nem é preciso ler o livro inteiro
pra dar de cara em baboseiras. A Autora afirma que ela nasceu com o objetivo de
escrever e relatar o que Jesus a revelou (A divina revelação do inferno), pois
essas revelações são fieis e verdadeiras. E que ela (autora) foi chamada pra
avisar o mundo da existência do inferno e que Jesus foi enviado por Deus pra salvar
todo mundo deste tormento (do inferno).
Agora vamos por parte, pois nesse
trecho acima há tantas coisas pra falarmos (e olhe que é apenas o começo do
livro). Bem, seria interessante convidarmos os cristãos em geral a abandonar o
estilo crente Kodak (vive de revelação) e amadurecermos e crescermos em graça e
estatura do nosso Senhor.
Lendo a Bíblia, mais
precisamente, o Novo Testamento, não encontramos ênfase no inferno. Jesus fala
do inferno em diversas passagens, mas não enfatiza o inferno. O Nosso Testamento
deixa claro que o inferno foi feio para os demônios. Jesus dá ênfase no Reino
de Deus que já havia chegado. A autora coloca o nome de Deus e de Jesus no
intuito de legitimar seu texto. É clara a divergência do que é dito no livro
quando comparado ao texto bíblico.
Jesus faz referencia a existência
do inferno em vários momentos como, por exemplo, na parábola das redes em
Mateus 13: 47- 50. E em todas as citações de Jesus a ênfase maior é no reino de
Deus. Por que o Senhor mudaria a tática hoje? Será que Deus não sabe que em
time que está ganhando não se mexe? Se a própria Palavra de Deus afirma que
Deus é o mesmo ontem, hoje e sempre, fico com dificuldade em ver o livro em
questão como uma obra séria. Escolher uma pessoa com o objetivo de dar ênfase
no inferno pra mim é realmente contraditório. Mas Deus sabe o que faz não é
mesmo?
Quando a autora diz que seu
objetivo é escrever e relatar sobre a divina revelação do inferno, eu
simplesmente me lembro de quando Jesus contou sobre o Rico e o mendigo Lázaro (Lucas
16:19-31). Tanto Lázaro, quanto o Rico morreram, Um foi pra junto de Abraão
(talvez pudéssemos dizer que o mendigo foi pro céu) e o Rico foi pro Hades (ou
infernos para alguns) ser atormentado. Lá o Rico tem plena consciência de que o
mendigo está numa vida boa e ele num sofrimento total, então o Rico diria algo
mais ou menos assim: “Jesus deixa pelo menos eu postar no meu perfil de
facebook que o inferno existe e é um lugar horrível... deixa-me escrever pra
que meus familiares não venham pra esse lugar”. Em seguida Jesus responderia:
“Não há a necessidade de você escrever a seus familiares sobre o inferno. Eles
têm a minha Palavra traduzida e escrita em inúmeras versões, caso eles não
consiga ler sobre os perigos de uma vida sem Mim na versão do Almeida, eles tem
a NTLH, tem também a NVI e tantas outras paráfrases na qual deixa bem acessível
e sinalizado os perigos de caminhar sem Mim... O que eles precisam é abrir o
coração pra minhas Palavras”.
Acredito que dar ouvido a
literatura sensacionalista, ou pra teologia terrorista é se distanciar da essência
do cristianismo. Falar que Jesus foi enviado pra nos salvar do inferno é muito
pouco pra proposta do cristianismo (Sugiro a leitura do livro “Simplesmente
Cristão” de N.T. Wright). O Senhor veio é pra concertar a criação... Buscar o
que se perdeu. Pra salvar a humanidade do mal que entrou no mundo. Não irei
prolongar nesse ponto, pois teríamos que abordar sobre o conceito de Graça, de
Justificação, Redenção, propósito da cruz, etc. E tudo isso iria prolongar
nosso post.
Sugiro, caso você tenha interesse
em aprender mais que leia a Bíblia numa versão mais moderna, que traga uma
linguagem mais clara e de fácil compreensão. A leitura da Bíblia tem que fazer
sentido em nossa vida. Procure um plano de leitura e dedique em aprender de
Deus na Bíblia. O inferno é um lugar, mas não foi feito pra nós. É o destino de
uma vida sem Deus. Conheça a Palavra de Deus. Comece lendo os evangelhos,
depois as cartas de Paulo e depois o restante do Novo Testamento.
Procure um bom livro. Leia um
devocional, como por exemplo, o livro “A Bíblia toda, O ano todo” de John Stott
(iremos em breve sortear um exemplar deste livro aqui no blog). Deixemos de
lado o “crente Kodak” e nos tornemos crentes pensantes.
Mas se você se interessa pelo
inferno, então em vez de ler a “Divina Revelação do Inferno” (que não tem nada
de divino), leia o livro “Cartas de um Diabo ao seu Aprendiz” de C.S.Lewis.
Esse livro do Lewis é uma excelente ficção e nele podemos ver claramente como
um professor de Literatura entender muito melhor de teologia do que a autora do
livro que propõe uma revelação do tormento.
"A estrada mais segura para
o inferno é aquela gradual – o declive suave, piso macio, sem curvas
acentuadas, sem marcos de referência, sem sinalização."
[Cartas de um Diabo a seu Aprendiz. Lewis,
C.S.]
Um comentário:
Belo post, cara. Eu já tinha ouvido falar desse livro, e hoje recebi a indicação para ler. Como sou meio cético, já fiquei com o pé atrás. =P
Mas vou ler, pra ter ideia do que falam, poder falar com propriedade.
Até mais. o/
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