quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O patético e o poético

Há alguns dias essa imagem circulou na internet, é de autoria de um pastor de adolescente. Eu disse pra mim mesmo que não iria gastar meu tempo com essas coisas deste tipo (coisas da gospelândia). Mas não aguentei... depois de assistir o video onde o pastor fala sobre a imagem, resolvir escrever este post.

Clique aqui para assistir o video com a resposta dele sobre a foto.

 Bem, no video, ele usa o salmos 119:131 pra justificar a imagem.

Abro a boca e suspiro, ansiando por teus mandamentos. (NVI) [grifo meu] 

Então falarei deste grifo. O que percebo é que o pastor não percebeu que ele foi muito infeliz na escolha do símbolo. O que ele faz na imagem é “cheirar” (coloco entre aspas, pois esse cheira pó não é o mesmo que cheirar no sentido de ter capacidade de perceber aromas e odores)

O “cheirar” da imagem é um “cheirar escravizador”... É o ato de cheirar pó (droga) e está intrinsecamente associado a uma dependência química e pelo simples fato de estar cheirando uma Bíblia não irá santificar o ato. Agora, “suspirar” não é o mesmo que cheirar e está muito longe do “cheirar o pó”.

Suspirar tem o sentido de desejar. Não sou especialista em língua hebraica, mas o suspirar de salmos é o mesmo que anelar a Palavra de Deus... O mesmo que sentir amor pela Palavra... O mesmo que precisar dela pra viver, assim como a corsa anseia por água.

O suspirar é poético! Já o cheirar da foto é patético! 

Vamos tentar visualizar o suspirar e depois comparar o cheirar pó. Vamos observar para a imagem corporal. No suspirar, o corpo não fica prostado como no cheirar o pó. No suspirar nosso pulmão se enche e no sussurro pronunciamos o Nome Santo de Deus. Os rabinos dizem que o Nome de Deus é como o som do respirar. No suspirar nosso corpo é livre pra se mover, já no cheirar o pó o corpo é preso numa forma estática.

Realmente ele foi muito infeliz na escolha da imagem e na resposta da mesma.

O cheirar da foto é uma representação da escravidão. Alguém poderá dizer: “Nós crentes somos escravos de Deus”. Sim, somos escravos de Deus, mas a escravidão de Deus tem mais liberdade do que a liberdade pode comportar em sua definição. Na escravidão com Deus, somos chamados de amigos do Senhor.
Na escravidão de Deus temos liberdade e identidade. Na escravidão das drogas e da religião não temos mais rostos, somos transformados em monstros.

 É clara nas paginas dos Evangelhos que Jesus se posicionou contra toda forma de tirania e dependência religiosa. Se queremos ser loucos por Jesus não precisamos cheirar a Bíblia, o que realmente precisamos ser é ser humano e praticar a religião de Jesus que é contraria a religiosidade e as palavras vazias e arregaçarmos as mangas e sinalizarmos aqui e agora o Reino de Deus.

Agora vamos nos atentar pro texto não-verbal. O que a imagem nos diz? O que você interpreta a partir da imagem? Para mim, “cheirar” a Bíblia como se cheira uma carreira de pó, não muda o sentido do “cheirar a droga”. Ele continua associado a um vicio que desumaniza o homem. Cheirar a Bíblia como se cheira uma droga é uma droga!

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