sábado, 18 de fevereiro de 2012

Perelandra

A editora Martins Fontes está de parabéns em disponibilizar ao público brasileiro está fantástica obra ficcional do renomado autor C.S.Lewis. Fico impressionado pela habilidade criativa de Lewis, e a forma como ele criar seus textos em tornos de elementos teológicos e filosóficos. Perelandra é o segundo livro da Trilogia Espacial. Essa saga foi escrita no auge da segunda guerra mundial.

Em Perelandra, vejo o relatos de Gênesis 3 numa abordagem fabulosa. Na verdade, Perelandra é um paralelo criativo de Gênesis 3, é uma historia de pré-queda, de um mundo sem pecado.

Na saga lewisiana, somos convidados a enxergar a realidade com outros olhos. O livro começa com o auto-personagem chamado de C.S.Lewis que vai ajudar o Dr. Ransom, o nosso herói na trilogia espacial. Ransom é enviado a Perelandra (Vênus) numa missão – impedir que o mal se instale nesse mundo assim como aconteceu no Éden com Adão e Eva.

Em Perelandra, Ransom encontra um mundo lindo. Sabe gostei muito da descrição de Vênus. Tanto de sua fauna quanto de sua flora. É impossível ler Perelandra sem se imaginar andando nas ilhas flutuantes e encontrando animais exóticos.

De tempo em tempo, o narrador nos leva a reflexão de que se algo é mito para nós terráqueos talvez seja real para outros num outro mundo. Em algum momento, Ransom se sente encarnando um mito, mas percebe que sua ida a Vênus tem o propósito de impedir que A Dama de Verde (equivalente a Eva no relato bíblico) não se submeta as intenções do tentador e desobedeça ao que Maleldil (Deus) disse. Segundo Gênesis, Deus disse pra não comerem do fruto da árvore do bem e do mal, já em Perelandra, Maleldil disse para não dormirem na Terra Fixa, mas pra viverem nas Ilhas Flutuantes.

Tanto em Gênesis quanto em Perelandra, o tentador indaga a Mulher sobre as ordens de Deus. Que aparentemente são ordens sem lógicas e que Deus está de certo modo impedindo que suas criatura de crescerem ou que Deus deseja que eles desobedeçam para que possam ser independentes. A questão do livre arbítrio é um dos aspectos apresentado na obra.

Ao ler Perelandra, somos levados a indagar o porquê que Adão (no caso do relato de Gênesis) não estava com Eva quando ela foi tentada. Quanto tempo durou a tentação de Eva? No caso da Dama de Verde foi muito mais que um dia. O tentador vinha e aos poucos colocava seus argumentos diante da primeira Mulher de Perelandra. Muito típico do Tentador que conhecemos no nosso mundo, ele não vem de uma vez, vem aos poucos nos enredando até estarmos totalmente envolvido. E se Eva tivesse resistido à tentação? Como seria? Já em Perelandra, A Dama de Verde se mantêm firme nos propósitos de Maleldil e com a ajuda de Ransom, Perelandra vivencia algo que os humanos não souberam apreciar.

Curiosidades: Ransom é o equivalente a palavra resgate em Inglês e o narrador faz esse jogo de palavra na história. Maleldil é a junção de Male + Eldil, sendo que Eldil é usado na obra pra designar anjos (seres espirituais) e Male é provável que Lewis foi buscar no Hebraico, pois é um radical pra Reino ou Rei, assim, Maleldil é o Rei dos Anjos (Senhor das Hostes).

Perelandra é uma obra fantástica. Excelente opção pra quem gosta de ficção e pra quem gosta de refletir sobre teologia e filosofia. A semelhança entre a Dama de Verde e a Afrodite não é mera coincidência.

Agora irei aguardar o lançamento do terceiro livro da Trilogia Espacial que está previsto para o segundo semestre de 2012.


Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails